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Filosofia da surdez

Posted by Robino do covil


Uma das ex do Robino diz que este tipo é "um grande intelectual" (já ficaram a saber porque é que ela passou a ser minha ex rapidamente, cof, cof) "um pensador de elevada sageza e de raciocínio profundo". Tenho para comigo que, pelo menos em parte, isso se deverá à excelente formação cultural que o visado recebeu aquando da sua passagem pela Juventude Hitleriana, mas isso são contas de outro rosário.

Na verdade, como essa ex me acusou de ser um dogmático de merda, ultimamente venho prestando atenção às pérolas filosóficas com que o Bento nos tem brindado desde que é papa. Primeiro, foi história do Eros. O amor, isto é, a foda, afinal, passava a ser bom, e não aquela coisa porca que só deve ser ser feita com o único objectivo de multiplicar a espécie. A minha ex disse que este era um passo de gigante na postura da igreja, mas faltavam os detalhes: o Eros é bom sim, mas só se regulado pela instituição do matrimónio, fora deste, nem uma punhetazita de mamas;
e Eros à grega, isso, claro está, continua no index, com direito a punição severa para os prevaricadores quando forem ter com o pai.

Mais recentemente, Bento avisou que o mundo está perigoso porque as pessoas estão "surdas" à voz de Deus. É, é das bombas que os fanáticos religiosos árabes e americanos andam a fazer explodir um pouco por todo o mundo. O papa tem toda a razão: com uma barulheira destas, Bush a gritar dum lado e os "terroristas" a gritar do outro, realmente ficamos "surdos".

Depois, e à guisa de justificação para o "mal estar" que o mundo árabe sente em relação ao Ocidente, disse que este se deve ao facto de a maior parte da malta se estar a cagar para Deus; que isso chocava os pobres, mas devotos árabes, coitados, a nossa atitude de nos marimbarmos para Deus "choca-os" e causa neles ressentimento para conosco. Claro que, sobre a sua adesão religiosa a um código moral e judicial que descrimina fortemente as mulheres e outros, nós não nos devemos sentir "chocados"; eles acreditam em Deus, eles é que estão com a razão.

E, por falar em razão, Bento teve ainda tempo para vir defender uma coisa que é de facto revolucionária no panorama da pensamento filosófico contemporâneo: A fé tem de ser racional, se a fé não for racional não é uma fé verdadeira. O iluminado intelectual esquece que fé e razão andam à chapada pelo menos desde o Renascimento e que a fé nunca foi racional: a fé pode ser racionalizada mas nunca é produto de um acto racional. A crença em Deus é uma saída que o Homem encontra para a enorme angústia e incerteza da vida, mas não tem nada de racional: Um ser que criou tudo, é omnipotente, ultra-inteligente e ninguém viu é uma proposição no mínimo fabulosa, ergo...

Finalmente, e não satisfeito com tudo isto, o homem agora lembrou-se de provocar a ira do mundo muçulmano, a quem aparentemente admira o fervor religioso. O filósofo Bento citou um imperador de Bizâncio para dar a entender que o Islão nada traz de bom ao mundo. Já agora, também podia ter citado
Savonarola ou Urbano II, penso eu de que...

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